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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Programa Nacional Biblioteca da Escola comprou menos livros



A indústria editorial do livro cresceu, se diversificou, se modernizou e se consolidou nas duas últimas décadas. Apesar de o Brasil não ter uma posição de destaque em relação a outros países no que se refere à média anual de livros lidos por habitante, o mercado também presenciou um crescimento do público consumidor – reflexo da estabilidade econômica e do crescimento no poder aquisitivo de milhões de brasileiros.
No entanto, ainda são muitos os obstáculos e desafios na manutenção deste segmento e boa parte deles dependem de políticas públicas eficazes para serem superados. Agentes importantes na dinâmica deste mercado, principalmente para a democratização da leitura, os programas de difusão da leitura, que começaram a surgir na década de 1960, não estão mais abastecendo bibliotecas públicas e de escolas de ensino fundamental como antes. 

O assunto ganhou repercussão no início deste mês, quando o editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, publicou, em seu blog, um texto em que sinaliza que as três instâncias do governo (federal, estadual e municipal) estão comprando menos livros paradidáticos, principalmente os de literatura brasileira. Em entrevista para o jornal “Folha de S.Paulo”, no dia 5, Schwarcz disse não estar criticando um governante especificamente. 

Segundo ele, o Brasil foi um dos países que mais investiram na compra de livros desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. No entanto, os números dos últimos anos sinalizam que a situação pode mudar. Procurada pelo Diário, a assessoria de imprensa da Companhia das Letras informou que o editor não quer mais falar sobre o assunto e que tudo o que precisava ser dito está no texto publicado em seu blog. 


Livros na rede pública 

Dados da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), sob encomenda da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato de Editores de Livros (Snel), apontou que, em 2013, o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) comprou menos livros que em 2012. 

A queda foi de 34,59%. “O que esperamos é que esta não seja uma tendência, pois é fundamental a ampliação tanto do número de bibliotecas quanto de seu acervo”, destaca a presidente da CBL, Karine Pansa. “O governo comprou menor quantidade de livros paradidáticos em 2013, e isto é bastante preocupante. Não apenas porque as editoras estão vendendo menos, mas porque teremos menos leitura nas escolas”, comenta o superintendente da editora Melhoramentos, Breno Lerner. 

Por outro lado, ele reconhece que há um incremento maior nas aquisições feitas por governos municipais. Para Lerner, o governo tem um papel importantíssimo na democratização da leitura, uma vez que é o principal provedor de livros da rede pública. “As políticas de incentivo à leitura ainda têm de ser melhoradas. Apenas comprar livros e distribuí-los não resolve. 

É um bom começo, mas não resolve.” Para a presidente da CBL, o papel do governo é de extrema importância no processo de democratização da leitura entre as crianças e jovens. “São nestas faixas etárias que o hábito da leitura é adquirido, fazendo toda a diferença na formação intelectual e cultural de cada pessoa, independentemente de condição econômica”, enfatiza. 



Reivindicações divulgadas 

Entidades ligadas ao mercado editorial, entre elas o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Sinel) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL), enviaram cartas abertas aos candidatos à Presidência nestas eleições com uma série de reivindicações para a indústria do livro no Brasil. Entre as reivindicações estão a alteração da Lei do Direito Autoral, a revisão da proibição das biografias não autorizadas, a equiparação dos e-books com os livros físicos e a adoção de uma Lei do Preço Fixo para salvaguardar as livrarias de pequeno porte. 

O artigo 150 da Constituição Brasileira imuniza os livros físicos de impostos. No entanto, o mesmo não ocorre com os novos formatos de publicação que surgiram com o advento da internet. “Se o livro será entregue ao leitor em papel, CD, e-book, pergaminho ou plaquinha de barro, não faz diferença. 
Continua a ser um livro e deve ser imune de tributação para baixar seu custo e incentivar sua distribuição e consumo”, opina Breno Lerner, superintendente da Melhoramentos. Para a presidente da CBL, Karine Pansa, a imunidade do livro é importante para promover o acesso à leitura. “Garantir ao livro em formato digital o mesmo tratamento do livro impresso é fundamental para a democratização do acesso ao livro”, reforça. 


Proteção de conteúdos 

No que se refere à Lei do Direito Autoral, as entidades reivindicam a adoção de medidas mais rígidas para impedir a reprodução indevida de conteúdos por meio de cópias ou arquivos digitais – o que é mais evidente no universo acadêmico. O número de universitários dobrou nos últimos dez anos, mas a produção de livros técnicos e científicos caiu pela metade em virtude da “pirataria” institucionalizada neste setor. 

A proibição das biografias não autorizadas, prevista em projeto que tramita no Senado, ganhou força, no ano passado, com o surgimento do movimento Procure Saber, encabeçado pela atriz e produtora Paula Lavigne. Ela e outros artistas, como Caetano Veloso e Roberto Carlos, defendem a proteção da privacidade do biografado. 

Para o Snel, o Brasil é a única democracia no mundo na qual os cidadãos são privados do direito de conhecerem os protagonistas de sua história. “É apropriado que a lei proteja o direito à privacidade, mas este direito deve ser complementado pela proteção do acesso às informações de relevância para a coletividade, na forma de tratamento distinto nos casos de figuras de dimensão pública, os chamados protagonistas da história”, cita o sindicato, em carta enviada para os candidatos à Presidência. 


Obstáculos do Mercado 

  • Direito autoral Proteção da criação intelectual e do direito do autor, seja um acadêmico, cientista, pesquisador ou romancista 
  • Biografias não autorizadas Garantia de acesso às informações relevantes para a coletividade sobre figuras de dimensão pública como chefes de estado, lideranças políticas e grandes nomes das artes, ciências e esportes, respeitando o seu direito à privacidade 
  • Digital X Físico Equiparação dos formatos digitais ao livro físico, que é isento de impostos. Mídias digitais apresentam os mesmos conteúdos e a mesma capacidade de educar e transformar que o formato tradicional 
  • Proteção aos pequenos Criação de uma lei que fixe o preço dos livros para garantir a sobrevivência de pequenas livrarias na concorrência com grandes redes 
  • Incentivo à leitura Reconhecimento da importância dos governantes no acesso à leitura para a rede pública de ensino


Fonte: Diário Web.

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