O historiador Carlos
Guilherme Mota pediu demissão nesta sexta-feira, 29, do cargo de diretor da
Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, que pertence à Universidade de São
Paulo (USP).
Segundo ele, o afastamento foi motivado pela crise da instituição,
que tem professores e funcionários em greve há mais de três meses por reajuste
salarial.
Mota, docente emérito da
instituição, assumiu a direção da Brasiliana em abril deste ano e será
substituído pela professora Sandra Vasconcelos, integrante do comitê acadêmico
da biblioteca, montado por ele. A unidade, inaugurada em março de 2013, reúne
mais de 60 mil volumes, entre livros e documentos sobre o País, doados à USP
oito anos antes pelo bibliófilo José Mindlin.
Em sua carta de despedida,
distribuída a colegas, Mota criticou a falta de condições causadas pela greve.
Em um edifício com mais de 20 mil m² de área no Câmpus Butantã da USP, zona
oeste da capital, a biblioteca teve o funcionamento prejudicado desde maio, quando
começou a greve. Mota reclama, por exemplo, que não consegue entrar em seu
gabinete há mais de um mês, por causa da paralisação e dos piquetes.
No texto, o ex-diretor
critica severamente a postura radical dos movimentos sindicais e a inabilidade
do atual reitor, Marco Antonio Zago, para articular esforços na solução da
crise, além do rombo financeiro deixado por João Grandino Rodas, o último
reitor. “E o governo do Estado está silente, como sempre”, completou.
“É um ato de protesto”,
esclareceu Mota ao Estado. O ex-reitor da USP José Goldemberg lamentou a perda.
“Certamente não aconteceria se a situação fosse outra, sem greve com portas
bloqueadas todos os dias.” A reitoria não comentou a saída.
Transição. O historiador
foi convidado para o cargo com a tarefa de consolidar as atividades da
Brasiliana, fortalecer os laços com bibliotecas nacionais e estrangeiras e
também resolver problemas da gestão anterior. Na avaliação de Mota, a “missão
foi cumprida”.
Para ele, a escassez de
verbas na USP, que gasta mais do que recebe do Estado com salários desde 2013,
também ameaça o avanço da biblioteca, apesar do apoio da reitoria à unidade.
“Além da despesa de manutenção, comprar obras raras custa caro”, destacou.
“Temos a vontade da biblioteca de Harvard, mas o bolso ainda (está) no terceiro
mundo”, disse.
Fonte: Estadão.
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