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sábado, 26 de abril de 2014

Informe — Usuários de Biblioteca no Metrô leram 62% mais

Pesquisa realizada pelo Instituto Brasil Leitor ao longo de 2013 com 500 usuários da biblioteca Embarque na Leitura da estação Paraíso indica que a existência de uma biblioteca gratuita, de fácil acesso, com acervo de livros novos e diversificados estimulou o hábito da leitura dos usuários do transporte público. Entre os dados apurados, aumento de 62% no índice de leitura, e mais de 73% dos pesquisados afirmando que o hábito colabora para aumentar o repertório cultural.
“Os números nos impressionaram muito positivamente. Eles corroboram a ideia de que fazer com que as pessoas ‘tropecem’ nos livros é fundamental para desenvolver ou reforçar o hábito da leitura”, explicou William Nacked, presidente do Instituto Brasil Leitor.

Apesar da eficiência do projeto em democratizar o acesso ao livro, no sistema metroviário de São Paulo as unidades foram fechadas por falta de patrocínio. A da estação Paraíso foi a última a encerrar as atividades, em dezembro de 2013, com média mensal de 1.600 empréstimos, total de 22.720 sócios e mais de 250 mil livros emprestados. Hoje o projeto conta com Bibliotecas IBL ativas em sistema de transporte de capitais como Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife e cidades como Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR).

A pesquisa
“A ideia foi acompanhar o desenvolvimento das bibliotecas com a finalidade de dimensionar o efeito que elas causavam nos usuários. A do metrô Paraíso foi escolhida por ser, na época, a unidade com maior número de filiados”, explicou Gustavo Gouveia, coordenador da Rede de Bibliotecas do Instituto Brasil Leitor e condutor da pesquisa. Foram respondidos 500 questionários, cada um com dez perguntas (sete fechadas e três abertas). “Com esse banco de dados, foi possível traçar um perfil social e cultural do leitor, sua relação com o livro e o imaginário dele em relação à leitura. Também foi fundamental para verificar a importância de se oferecer bibliotecas em sistemas de transporte”, analisa Gustavo.
Para quem já tinha o hábito de ler, as bibliotecas permitiram um aumento considerável no volume de leitura. Antes do projeto, as pessoas liam em média 1,6 livros por mês. Após o cadastro na biblioteca Paraíso, o número aumentou para 2,6 livros, que representa um crescimento de 62%. Em números absolutos, o resultado representa 12 livros a mais por ano para cada leitor.
A maioria dos interessados por se cadastrar na biblioteca Paraíso era formada por mulheres (69%), com média de idade de 37 anos.  O número de público feminino aumenta ainda mais quando analisados os frequentadores que emprestaram livros por mais de uma vez (73%), ou seja, entre aqueles que tornaram-se usuários recorrentes.
Quanto à escolaridade, 39% tinham completado o Ensino Médio e 38%, concluíram o Ensino Superior, resultado que sugere que, no local escolhido para implementação das bibliotecas, já existia um público pré-disposto à leitura.
Uma importante constatação foi de que a biblioteca possibilitou a formação de novos leitores. “Apesar de a maior parte dos cadastrados já ser de leitores, 82% dos entrevistados revelaram que passaram as estimular outros a lerem. Eles aproveitavam a inscrição na biblioteca para emprestar livros para familiares (36%), professores (27%) e amigos (10%)”, revela o coordenador do IBL.
De acordo com os resultados, a biblioteca foi frequentada por profissionais de diferentes áreas de atuação, desde empregadas domésticas a professoras, farmacêuticos, atores, bancários, enfermeiras, advogados entre outras. Sobre o local onde liam com mais frequência, a maior parte (54%) revelou ler dentro do transporte público(metrô, ônibus ou trem); 33% em casa; 9% no trabalho; 2% em praças e parques e o resultado mais surpreendente: apenas 2% dos usuários tem o hábito de ler em algum estabelecimento de ensino (escola, faculdade ou cursos).
Quando perguntados sobre o acesso que tinham à leitura, 65% dos usuários não possuíam o costume de adquirir livros em livrarias ou sebos e um quarto deles (23%) respondeu que só lia livros das Bibliotecas Embarque na Leitura.
Na tentativa de mapear o gosto literário dos usuários do Embarque na Leitura estação Paraíso, constatou-se que 53,9% dos entrevistados preferiram romance, suspense e ação;  19,1% optou por livros religiosos ou espíritas; 11,9% gostam de temas de autoajuda; outra parcela com a mesma porcentagem, 11,9%, diz preferir o gênero não-ficção (história, geografia, biografia etc.); e 0,9% relata outros tipos preferidos (como técnicos, poesia etc.).
Além do gosto por temáticas específicas, a pesquisa avaliou a flexibilidade dos leitores para conhecer gêneros literários diferentes do preferido. Dentre os pesquisados, 78,9% se mostrou aberto à leitura de outros temas. O restante (21,1%) está unicamente disposto a conhecer livros que se encaixem no gênero que gostam.
Para mapeamento do imaginário dos leitores da biblioteca Paraíso, três perguntas dissertativas permitiram que o usuário tivesse liberdade para responder. Por conta da diversidade de respostas, foi necessária a criação de categorias em que as respostas pudessem ser agrupadas (em alguns casos, as respostas se encaixam em mais de uma categoria – por isso as somas ultrapassam 100%).
“Por que você considera importante ler? foi uma das questões. A maior parte (73,4%) argumenta que a leitura oferece aumento no repertório cultural, no sentido de ampliar o conhecimento, termo que, aliás, aparece em 41% das explicações. Além disso, 33% das respostas giraram em torno da aquisição do vocabulário ou aperfeiçoamento da fala oral ou escrita; 27% mostram a leitura como ferramenta para exercitar a reflexão e o senso crítico. A minoria (25,2%) revelou que ler é para prazer ou distração.
A partir da pergunta “O que te ou quem te influencia a ler?” foi possível concluir que os grandes agentes que despertaram interesse por leitura são: professores (27%), pais (24,8%) e amigos (10,2%). “O resultado ratifica a importância do papel dos educadores na formação de novos leitores. Além de ser alguém que ensina seus alunos a decodificarem a linguagem presente nos livros, a maneira como ele faz isso contribui significativamente para que tenham prazer pela leitura”, explica Gustavo Gouveia.

Na última pergunta, os usuários da biblioteca foram convidados a avaliar o projeto a partir de duas questões: “Que nota você daria à biblioteca entre 0 e 10?” e “O que você gostaria que fosse diferente no projeto?”. A média de nota dada pelos usuários (9,4) demonstra quanto a iniciativa Embarque na Leitura é bem vista pelo público. Dentre os comentários e sugestões de melhora, a maior parte (29%) elogiou a iniciativa da biblioteca; 19,2% acham que os acervos deveriam dispor de mais livros; 15,5 aposta que deveriam existir mais bibliotecas em outras estações; 9,2% gostariam de ter acesso aos catálogos e sinopses dos livros por meio dos sites do metrô e do IBL; 7,8% votou pelo aumento no prazo de devolução do livro emprestado; 5,4% solicitam que o horário de funcionamento deve ser estendido e 2% gostaria de ter acesso às estantes. Sabíamos que a impressão era positiva, mas não deixamos de nos surpreender com a excelente avaliação. Até mesmo nas sugestões, percebemos uma preocupação de ampliação do projeto, tanto em estrutura como de multiplicação para outras estações”, celebra William Nacked, presidente do IBL.


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