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quarta-feira, 2 de abril de 2014

A biblioteca e seu papel na sociedade contemporânea

Na sociedade atual, o papel das bibliotecas públicas tem chamado a atenção do governo e da população brasileira. Isso pode ser constatado quando observamos as atuais políticas públicas de valorização do livro e da leitura, que priorizam a biblioteca no desenvolvimento da cultura letrada no país. Um bom exemplo disso é o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), criado em 2006. (Clique aqui e leia a reportagem sobre o Plano).
O que a biblioteca se tornou nos últimos anos? Como torná-la mais interessante para crianças, jovens e adultos? Qual a importância da implementação da lei que institui as bibliotecas escolares em todo o país? Essas questões foram discutidas por Gláucia Mollo, bibliotecária responsável pelo projeto “Leitura em Movimento” da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas (SP). Na entrevista abaixo, Gláucia reforça o papel primordial da biblioteca na escola e na comunidade, além de apresentar sua visão sobre o futuro da leitura em meio ao progresso das ferramentas tecnológicas atuais.



Plataforma do Letramento: Que desafios e conquistas relativos à leitura no país traz a promulgação da Lei nº 12.244, de 2010, que prevê a universalização das bibliotecas escolares no Brasil?
Glaucia Mollo: É um contrassenso saber que a escola, espaço primordial para o ensino da leitura, ainda existe sem a biblioteca. Essa lei promulgada recentemente representa uma importante conquista ao prever que, até 2020, todas as escolas tenham bibliotecas. No entanto, ainda que contribua para a melhoria do ensino, essa iniciativa do poder público isolada não é suficiente. Não basta criar espaços nas escolas, com infraestrutura adequada, e com bibliotecários e auxiliares, se o dia a dia da escola não demanda da biblioteca; deve haver essa necessidade, assim como os educadores, educandos e gestores devem conhecer as potencialidades e formas de utilizar esse espaço. O desafio é fazer com que a biblioteca seja importante para a escola, de modo que a sala de aula necessite desse espaço vital de aprendizado. A biblioteca escolar não é apenas um local de empréstimo semanal de livros de literatura para os alunos; também não é um local de realização de pesquisas e cópias ou de exibição de filmes em dias chuvosos. Ela é muito mais que isso: é um centro de referência e de informação da escola. A biblioteca escolar deve possuir as informações importantes para auxiliar seu público-alvo. Ela organiza essas informações a fim de disseminá-las, de modo que todos possam utilizá-las da melhor forma. As bibliotecas escolares têm funções diferenciadas em relação às bibliotecas públicas, comunitárias, especializadas, universitárias e de outros de tipos. Elas têm por objetivo atender a sala de aula, no intuito de auxiliar o aluno, o professor e os demais profissionais da escola a desenvolverem seus trabalhos de forma mais eficiente – além, é claro, de formar leitores, função das salas de leitura em geral. A biblioteca é o local onde se experimenta a leitura de entretenimento, o estudo, a pesquisa, a informação e o lazer; além disso, é nela que encontramos os diferentes tipos de textos e seus respectivos suportes, para que se possam formar leitores mais conscientes e críticos. Ela é, também, o ambiente ideal para se desenvolver e exercitar as habilidades de leitura e escrita nas escolas. Para que isso ocorra, é necessário haver sintonia com a sala de aula. Nesse sentido, acho muito importante a promulgação da Lei nº 12.244, de 2010, mas precisamos de mais: de que as escolas repensem a importância das bibliotecas para que elas possam, de fato, auxiliar na formação de leitores e não ser apenas, espaços coletivos.   


PL: Como tornar a biblioteca um espaço atraente a todos – estudantes, familiares, comunidade em geral – sem esquecer sua finalidade principal: a promoção da leitura?
GM: As bibliotecas, em geral, não necessitam de uma estrutura complexa para ser eficientes e interessantes. Ela é um local atraente quando tem um acervo de qualidade, frenquentemente atualizado e de interesse de seu público-alvo; também se torna mais atraente no momento em que possui um espaço acolhedor e agradável, com mobiliário adequado, ventilado, iluminado e organizado. Isso tudo, além das ações desenvolvidas por meio da leitura, já justificam a existência de uma boa biblioteca para leitores de todas as idades. Há algo que faço sempre: comparar a quantidade de pessoas que estão em livrarias às que estão nas bibliotecas. Como bibliotecária, é triste constatar que o número de frequentadores das livrarias é muito superior. Mas, por que as livrarias estão repletas de leitores e as bibliotecas, vazias? A resposta é simples: a biblioteca não pode ser um depósito de livros e materiais de leitura desatualizados, sem profissionais especializados e sem investimentos. Ela precisa de condições favoráveis para promover a leitura e formar leitores. Muitas bibliotecas não têm sequer o jornal diário da sua cidade (uma realidade difícil de acreditar); sem esses mínimos materiais, não é possível proporcionar satisfação a seu público. O que falta é investimento e não atividades de toda ordem, que não têm nenhuma relação com leitura. As bibliotecas devem ser, novamente, apenas bibliotecas de verdade, nas quais o leitor encontre o que procura.



PL: Como você vê a relação entre leitura e novas tecnologias nesses espaços educativos e na sociedade em geral? 
GM: As novas tecnologias estimulam o exercício da leitura e da escrita, tanto nas escolas como na sociedade em geral, pois crianças e adultos estão lendo e escrevendo mais, por conta dessas ferramentas. Isso é muito positivo, pois podemos utilizar essas tecnologias em sala de aula. A tecnologia, quando bem utilizada, pode proporcionar novos significados à leitura e à escrita, além de criar novos sentidos em relação ao cotidiano. Entretanto, quem precisa urgentemente se atualizar em meio a tanta informação tecnológica somos nós, professores, bibliotecários e profissionais de gerações passadas, para que participemos mais desse mundo virtual. Hoje uma criança de 3 anos já utiliza um tablet, por exemplo. Essa revolução, com certeza, já proporciona inúmeras oportunidades em relação ao uso da escrita e da leitura às novas gerações. Quanto ao duelo entre o livro em papel e o livro digital, creio que este ganhará a batalha; de acordo com as estatísticas, a procura pelo livro digital está cada vez maior, sendo ele mais compatível com a geração de leitores e escritores que utilizam as novas redes digitais.



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