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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Biblioteca Demonstrativa: de portas fechadas há quase um ano


Prestes a completar 45 anos de história em Brasília, a Biblioteca Demonstrativa Conceição Moreira Salles está fechada e sem data marcada para reabrir. A Defesa Civil interditou o estabelecimento, à época vinculado à Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em 6 de maio de 2014, por risco de queda da marquise, contaminação da água e perigo de curto-circuito e incêndio. O espaço, na 306/307 Sul, deveria voltar a funcionar em 180 dias, após uma reforma paga com dinheiro público e realizada por uma empresa contratada sem licitação, no valor de R$ 794 mil. No período, a responsabilidade pela instituição foi repassada para o Ministério da Cultura, que não designou um responsável para acompanhar a reforma. Com isso, a empresa teve de suspender os trabalhos até o fim do contrato.


Os móveis da biblioteca estão cobertos com lonas e lençóis, e parte do acervo, encaixotada. Ninguém informa o que foi feito do restante. O ministério mantém seguranças e um funcionário no local para, supostamente, impedir a invasão e a depredação do local. A reportagem do Correio esteve na biblioteca com o presidente da Sociedade dos Amigos da Biblioteca Demonstrativa, Mauro Mandeli. A segurança, no entanto, impediu o acesso da equipe. “Faremos uma manifestação em frente ao prédio em 6 de maio, quando a interdição completará um ano. Na última quinta-feira, enviei um ofício ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, pedindo um esclarecimento.”

A sociedade conta com 1,5 mil membros. Quando aberta, a biblioteca recebia cerca de 700 pessoas por dia. O espaço tem um acervo de 60 mil títulos e 130 mil tomos e sediava diversos projetos gratuitos, entre eles, trabalhos de iniciação musical, debates, visitas de contadores de história, lançamentos de livro e professores para tirar dúvidas de concurseiros e vestibulandos. Professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Paulo Bareicha também criticou o Minc (leia Palavra de especialista). “Durante a Segunda Guerra Mundial, as bibliotecas de Londres só fechavam quando os nazistas bombardeavam a cidade. Como podemos parar uma biblioteca, interditada por tempo indeterminado para manutenção?”

Por e-mail, a reportagem questionou o Ministério da Cultura sobre a demora da reabertura e o destino do acervo. A Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do órgão, responsável pela Biblioteca Demonstrativa, ainda não concluiu a avaliação da reforma e será necessário um novo processo licitatório para conclusão dos trabalhos, com novos gastos. Ainda de acordo com a nota, as instalações elétricas continuam precárias, pois “durante o contrato emergencial foram concluídas a recuperação da marquise e a troca da caixa d’água”.

Palavra de especialista - Abandono inaceitável

“Em primeiro lugar, é inaceitável que uma cidade planejada e jovem como Brasília, com um estádio das proporções do Mané Garrincha, não tenha bibliotecas igualmente monumentais. Outra coisa inaceitável é o abandono do projeto de Brasília. A biblioteca é um dos aparatos educativos previstos nas superquadras, além das escolas parque. A Demonstrativa, no entanto, é a única que segue esse molde, e está fechada. A Asa Sul deveria ter três bibliotecas iguais na parte de cima do Eixão e a mesma coisa, na Asa Norte. E, ainda assim, não atenderíamos toda a população. É um absurdo fechar uma biblioteca, se a intenção não é aumentá-la. Não temos o que comemorar.”

Paulo Bareicha é professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB)


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