Até abril de 2015, dez bibliotecas
públicas no país ganharão qualificação profissional, melhorias no acervo e
novas tecnologias para que sejam totalmente acessíveis a pessoas com
deficiência. O objetivo é que se tornem referência e multiplicadoras para as outras
cerca de seis mil bibliotecas públicas do país.
Com investimento
de R$ 2,7 milhões, a iniciativa faz parte do edital do Ministério da Cultura
(MinC) para garantir maior acesso à cultura. Serão beneficiadas instituições em
todas as cinco regiões do país.
Segundo
últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do
censo de 2010, há, no Brasil, 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de
deficiência, o que representa 23,9% da população. A convenção das Nações Unidas
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência garante o direito à cultura, ao
lazer e ao entretenimento.
A Mais Diferenças, Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público (OSCIP), será responsável pela adequação das bibliotecas.
O primeiro passo foi a elaboração de um diagnóstico geral das instituições.
"Esse diagnóstico vai ajudar muito na segunda fase do projeto que já tem
plano de ação: a formação e capacitação das equipes", explica Carla Mauch,
coordenadora da Mais Diferenças e responsável pela execução do projeto.
"Ficamos na biblioteca, conversamos com várias pessoas, desde secretário
de cultura até usuários com deficiência, incluindo os funcionários",
completa.
Após a qualificação profissional, a ação será
dirigida a mudanças no acervo, tornando-os acessíveis. "A ideia é avançar.
Não pensar somente no livro em Braille - que já está disponível em algumas
bibliotecas - mas pensar também, por exemplo, no livro digital bilíngue
(português e libras). Queremos também ampliar a acessibilidade a todos os
públicos com deficiência, não apenas a visual', explica Carla Mauch.
Tecnologia assistida
Outra etapa do projeto consiste na aquisição de
tecnologia assistida, com recursos que permitam que as pessoas com deficiência
tenham acesso ao conteúdo da biblioteca. Exemplos disso são as impressoras em
braile, leitores de tela, teclados colmeia e aplicativos diversos.
Entre os grandes objetivos está também o de
possibilitar a criação de redes entre profissionais, bibliotecas, setores
culturais, políticas públicas federais e estaduais. Para Rosália Guedes,
consultora do projeto, a troca de experiência e o trabalho em rede certamente
contribuirão para a ampliação da acessibilidade nas bibliotecas.
A Mais Diferença quer montar um análise mais ampla
sobre o tema. Para isso, elaborou um questionário direcionado a todas as bibliotecas
e que servirá de base para a realização do Diagnóstico Nacional de
Acessibilidade em Bibliotecas Públicas. A instituição também criará um site
acessível com manual para as demais bibliotecas.
Com a pesquisa, o Sistema Nacional de Bibliotecas
Públicas (SNBP) e a Mais Diferenças desenharão, ao fim do projeto, diretrizes
nacionais para as políticas públicas de acessibilidade em bibliotecas públicas
brasileiras. "Cada biblioteca foi ouvida na sua essência para construção
de algo melhor: a inclusão de todas as pessoas. Nesse trabalho, vivi o Brasil
de muitas diversidades. Encontrei muitas pessoas que trabalham pensando no
outro, que trabalham para o outro. Há espaços maravilhosos em que a biblioteca
pública cumprirá seu papel, que é o da democratização de acesso a informações e
à cultura a todos os brasileiros", conta Rosália, sobre a primeira etapa
do projeto.
Conheça as bibliotecas contempladas:
Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa (MG)
Biblioteca Pública Estadual Levy Cúrcio da Rocha
(ES)
Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaias Paim (MS)
Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça
(MT)
Biblioteca Pública Municipal Professor Barreiros
Filho (SC)
Biblioteca Pública do Estado do Paraná (PR)
Biblioteca Pública Estadual do Amazonas (AM)
Biblioteca Pública Estadual do Acre (AC)
Biblioteca Pública Benedito Leite (MA)
Biblioteca Pública do Estado da Bahia (BA)
Fonte: Ministério da Cultura
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