O Observatório do Livro e da Leitura divulgou nesta segunda-feira
(14/04) o resultado da pesquisa Bibliotecas
e Leitura Digital no Brasil, encomendada pela Árvore de
Livros S.A. Respondida por bibliotecários e responsáveis por bibliotecas
brasileiras, o estudo priorizou as bibliotecas públicas municipais que, segundo
a pesquisa estão na quase totalidade dos municípios brasileiros, representando
52,5% das entrevistas realizadas. Participaram ainda da pesquisa bibliotecas
comunitárias, universitárias e escolares. Foram entrevistados 503
representantes de bibliotecas de todas as unidades da federação em março de
2014.
Segundo Galeno
Amorim, coordenador geral do Observatório, “a pesquisa foi feita para avaliar o
estado das bibliotecas que atendem o publico, seja ela municipal, estadual,
comunitária, rural, escolar, de universidade e até de empresas e órgãos da
administração pública e, com isso, aproveitar para chamar a atenção sobre a
necessidade de se criar políticas mais robustas e permanentes de financiamento
desses equipamentos que podem ter um papel cada vez mais importante no momento
em que a educação parece prestes a ganhar um novo destaque no cenário nacional
para construir um novo futuro para o país”.
“O estudo buscou
compreender também como as bibliotecas se posicionam e se preparam para entrar
na era do livro digital e passar a prestar esse tipo de serviço aos seus
leitores e a muitos outros que poderão tornar-se usuários delas também”,
acrescentou Galeno.
De acordo com a
pesquisa, os responsáveis pelas bibliotecas identificaram os diversos
dispositivos de leitura, incluindo computadores, como sendo apropriados para
serem utilizados pelos usuários em seus espaços de leitura. Os tablets, com
53,3%, um índice que chega a 70,5% no caso das escolares, lideram a
preferência, mas os computadores aparecem logo em seguida, em situação de
empate técnico, com 56,8%, seguido pelos notebooks (53,3%). A pesquisa aponta
que embora dedicados especificamente à leitura digital, os e-Readers só aparecem
em penúltima lugar, com 14,9%, só um pouco à frente dos smartphones (12,2%).
Que tipo (s) de aparelho (s) você considera
mais apropriado (s) para os usuários lerem um e-Book na sua biblioteca?
Fonte: Observatório do Livro e Leitura
Para
a maioria absoluta dos bibliotecários e responsáveis pelas bibliotecas
brasileiras (77,9%) que atendem diferentes públicos leitores, o tablet é o
aparelho mais adequado para os usuários lerem e-Books quando estiverem fora da
biblioteca. O notebook aparece como o segundo melhor colocado com 60,5% do
total.
O impacto dos e-Books sobre a leitura e as bibliotecas
A
pesquisa estimulou os entrevistados a responderem sobre o que acreditam que
poderá acontecer com a chegada dos e-Books às bibliotecas. A grande maioria (82%
dos que respondera) apontam que os dois tipos de suportes (o livro impresso e o
eBook, sua versão digital) deverão conviver juntos em harmonia. No caso das
bibliotecas universitárias esse tipo de resposta esteve na boca de 100%
entrevistados.
Galeno
acredita que este resultado indica que os bibliotecários e os responsáveis
pelas bibliotecas estão percebendo que a tecnologia, em vez de representar mais
trabalho e dispêndio de energia para eles, pode servir como uma alavanca para a
atuação das bibliotecas. “É extraordinariamente importante esse posicionamento
dos dirigentes e profissionais da área, que intuem que colocar o pé no futuro
pode significar mais usuários, mais leitura e, com isso, certamente maior
reconhecimento e apoio. Este ano será marcado pela chegada da era digital às
bibliotecas no Brasil. Isso é altamente positivo para gerar leitura, leitores
e, sobretudo, maior inclusão cultural e tecnológica na sociedade brasileira”,
diz entusiasmado.
O que você acha que poderá acontecer com a chegada
de aparelhos e e-Books na sua biblioteca?
Fonte: Observatório do Livro e Leitura
Para Moreno Barros, bibliotecário do Centro de Tecnologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e colunista da Revista
Biblioo, não há dúvida de que os diferentes suportes continuarão
a coexistir uma vez que, segundo sua opinião, “bibliotecário não trabalha com
suporte, trabalha com conteúdo, documentos e informação, então essa discussão
pra gente não faz sentido”. O assunto foi tema de artigo recente de Moreno: “O
que os bibliotecários devem saber sobre os e-books”.
“Por outro lado,
temos a responsabilidade da guarda, então é importante que estejamos atentos às
mudanças de padrões tecnológicos (a escrita sendo a primeira tecnologia, os
ebooks a mais recente)”.
Para Moreno, o que
os bibliotecários não podem fazer é argumentar que não estão preparados para a
mudança. “Basta entrar em qualquer linha de metrô nas grandes cidades e
perceber como as pessoas consomem informação em seus celulares. Basta entrar em
qualquer biblioteca universitária e perceber que os alunos estão mais com
laptops à tira colo do que livros. Basta visitar qualquer biblioteca pública e
perceber que as crianças estão mais interessadas nos computadores do que nos
livros, os adultos mais preocupados com o uso de espaço público do que o
acervo”.
Na concepção do
bibliotecário, quem dita essas transformações é o mercado (tendo os avanços
tecnológicos como sustentação) e depois os usuários. Os bibliotecários
funcionariam apenas como receptáculo e eventualmente exercendo o papel de
intermédio entre criadores e distribuidores de conteúdo.
“Em determinado
momento, bastará que uma editora decida comercializar seus livros em formato
apenas eletrônico, para toda uma cadeia de distribuição logística ser alterada,
simplesmente porque para ela é muito mais barato produzir e comercializar seus
livros em formato digital, trabalhando em conjunto com outras empresas tecnológicas
que mantêm o monopólio sobre a disseminação do conteúdo”.
Acesse aqui a pesquisa completa.
Fonte: Blog da Revista Biblioo.
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