Mais de 110 mil pessoas já passaram pela 2ª
Bienal Brasil do Livro e da Leitura de Brasília, que ocorre até o próximo dia
21, na Esplanada dos Ministérios. O público é formado principalmente por alunos
de escolas públicas e privadas que, nas primeiras horas da manhã já garantem um
movimento intenso na entrada do evento. Estimativas dos organizadores apontam
que, por dia, eles representam mais de 10 mil visitantes. Pelo menos 30
funcionários ficam, diariamente, responsáveis pela organização dos ônibus
escolares que foram colocados à disposição para buscar e levar os estudantes de todas as regiões do
Distrito Federal.
No
universo de visitantes, composto especialmente por crianças a partir dos 3 anos
até jovens e adultos, ficam registradas experiências emocionadas de quem, pela
primeira vez, assiste a uma contação de histórias ou a uma peça teatral. Os
eventos permeiam a programação da
bienal entre estantes repletos de livros para todos os gostos.
Na
arquibancada da arena infantil, que homenageia o escritor Monteiro Lobato,
Maria Eduarda Alves Batista, 8 anos, aos risos e expressões de espanto, contou
que foi a primeira vez que assistiu a um espetáculo. “É muito engraçado. Estou
gostando muito”, descreveu, sem tirar os olhos da peça de Ivete Valente,
encenada por um ator e
fantoches. Maria Eduarda estuda na escola Centro Educacional Irmã Maria Regina,
na área rural de Brazlândia, a 45 quilômetros do centro de Brasília.
A
supervisora pedagógica da unidade, Cláudia Yamada, disse que muitos alunos da
região não têm acesso à manifestações culturais de qualquer tipo. Segundo ela, essa
experiência inédita [visitar a bienal] acontece tanto para as crianças quanto
para os jovens e adultos que estudam na escola. “Como moram em uma área rural,
eles não têm acesso a essas manifestações culturais. Temos uma biblioteca na
escola, mas é bem limitada. Ainda assim, eles gostam de frequentar e levar
livros para casa. Aqui, os alunos estão escolhendo os títulos que mais
gostariam de ler e a escola vai comprar alguns para levar”, explicou.
Nos
corredores tomados por estandes de livrarias, a frequência dos jovens é maior.
Gabriel Trindade, 15 anos, também estuda em Brazlândia, e contou que leva duas
horas para conseguir chegar à biblioteca mais perto de sua casa. “Eu gosto de
livros de ação e estou só olhando os daqui. É muita opção e na escola eu não
tenho tanta escolha”, disse.
Em
balcões mais baixos, os livros coloridos e cheios de ilustrações chamam a
atenção dos alunos da educação infantil que, imediatamente, desmancham as filas
formadas pelas professoras na tentativa de organizar os grupos de crianças de 4
a 5 anos.
“É
a primeira vez que eles vêm e a gente fala para eles conversarem com os pais
para trazê-los, mas muitos não têm essa oportunidade”, contou Cláudia
Fernandes, professora do 1º período do
Centro
de Atenção Integral à Criança (CAIC) de Taguatinga, a 30 minutos da capital. “A
escola veio aqui ontem (16) e comprou R$ 1 mil em livros para cada segmento.
Temos uma sala de leitura que é pequena e esses livros vão ficar disponíveis
para os alunos”, disse.
A
programação da bienal continua até a próxima segunda-feira (21), com
apresentações de teatro,
contação de histórias, lançamentos de livros e debates sobre diversos
assuntos.
Fonte: Jornal do Brasil.
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