A profissão de bibliotecário está mais dinâmica e não se resume apenas a
visão estereotipada da senhorinha de óculos que fica atrás do balcão,
encontrando o livro certo na prateleira certa e pedindo silêncio a todo
momento. Embora a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) defina o
profissional como sendo um liberal que atua com informação, além de
documentalista e analista de informação, a maior parte das pessoas desconhece
que a gestão da informação e acompanhamento do dinamismo das fontes fazem parte
do escopo do profissional de biblioteconomia.
Unindo a racionalidade e experiência dos bibliotecários com a capacidade
de desenvolvimento dos profissionais de TI, softwares abrangentes e
facilitadores do processo de pesquisa e seleção de dados, aprimorados para o
mercado, mostram que é perfeitamente possível a interação entre a tecnologia e
a atividade na área da biblioteconomia.
Bibliotecária há 20 anos, Liliana Giusti Serra atua como profissional da
informação em uma empresa de tecnologia, a Prima, responsável pelo software
“SophiA Biblioteca” e conta que a profissão acompanha as mudanças da explosão da
informação desde outras épocas e não somente como o advento da internet — como
a prensa móvel de Gutenberg, em 1439, até chegarmos em 2004, com a criação da
web 2.0 que facilitou a produção de informação, impondo ao bibliotecário uma
mudança nos critérios de escolha da fonte e confiabilidade da informação. “Com
a facilidade de acesso à informação, ele pode recorrer às fontes padronizadas
até outros canais abertos e seguros”, explica a bibliotecária.
Segundo Liliana, que está fazendo mestrado em Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação na Universidade de São Paulo, na Escola de
Comunicações e Artes (ECA/USP), os registros antes disponíveis somente em papel
hoje estão acessíveis como documentos on-line, mas essa disponibilidade não
substitui o profissional da área de biblioteconomia, que vai atender a
necessidade do usuário a partir da seleção e agrupamento do máximo de dados
necessários para atender a demanda e no tempo necessário. “A tecnologia deve
ser encarada como uma ferramenta que ajuda o bibliotecário em sua atividade,
facilitando a descrição do acervo e auxiliando no controle do banco de dados”,
diz a bibliotecária. Na visão de Liliana, a tendência das instituições de
pesquisa e centros de documentação e memória é o fortalecimento dos acervos
híbridos que unem a biblioteca física e digital, meios que se complementam. A
tecnologia, segundo ela, entra como um recurso, mas não significa que a informação
será usada indiscriminadamente. Compete ao profissional da área filtrar o
conteúdo pesquisado.
O uso dos softwares especialmente desenvolvidos para agilizar e
facilitar a pesquisa é uma prática cada vez mais adotada pelas instituições. O
“SophiA Biblioteca” é uma ferramenta robusta que atende desde o acervo de uma
empresa até a demanda da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), com mais de 1,5
milhão de registos no ar. Outros 400 mil estarão disponíveis até o final do ano.
Segundo César Antonio Pereira, diretor da Faculdade de Biblioteconomia
(FABI) da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), o
profissional tem excelentes oportunidades no mercado de trabalho, variando
desde tradicionais bibliotecas, centros de informação e documentação, a
demandas na expansão de instituições de Ensino Superior e de escolas técnicas,
escritórios de advocacia, contabilidade e controladoria, ramos que aumentam as
oportunidades do bibliotecário, em razão da necessidade de organização de seus
materiais.
Fonte: Correio Popular.
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